quarta-feira, junho 13

Panis et Circenses

Postado no Blog do Planner
(por sinal um blog bacana, onde como o proprio nome diz, o foco dele é o planejamento!Recomendo!)
Abro aspas:


"Essas Pessoas na sala de jantar,
são as pessoas da sala de jantar..."


por Laura Chiavone l AlmapBBDO C.Veloso e G.Gil

Criatividade é das coisas mais difíceis para se vender. Falar em criatividade não é assim uma coisa fácil porque implica estar disponível para defender algo ainda um pouco desconhecido, que não faz parte da paisagem ou do lugar comum. Acreditar em algo criativo implica em, primeiro de tudo reconhecer a criatividade e acreditar no que ela pode realizar. É por isso que é necessário que a criatividade seja entendida como muito mais do que o produto do trabalho criativo, mas como mindset do profissional de comunicação. Uma idéia nasce como algo muito frágil e é passível de ser detonada com muita facilidade, como bem diria o meu amigo Marcello Magalhães. Não é nada fácil fazer uma idéia crescer: é preciso cuidar dela, dar–lhe alimento enfim, acreditar nela. Em alguns momentos, o processo de fazer vingar a criatividade pode ser solitário e duro. É preciso defender as suas idéias, mesmo que elas não sejam unânimes entre todos os seus colegas. De qualquer maneira, boas idéias aparecem com mais freqüência em ambientes que as ajudem a nascer e crescer. Acho que estamos precisando repensar o quanto estamos ajudando de fato, no nosso modelo atual de trabalho, isso acontecer. É certo que o modelo que seguimos aqui já teve muito sucesso, mas o mundo gira, a lusitânia roda e a indústria mundial de comunicação se modifica. A verdade mesmo é que quem se modifica é o consumidor, que adota novas tendências, tecnologias, estilos musicais, assimila novos comportamentos e transforma a sua maneira de ver a vida o tempo todo. E ele não faz isso escondido de ninguém. Todos somos convidados a participar deste movimento – ativamente como consumidores e profissionais ou passivamente como espectadores. Panis et Circenses. Este ano pudemos encontrar em vários veículos matérias e artigos referindo-se ao desempenho do Brasil em alguns dos principais festivais do mundo, que está abaixo do esperado. Nestes dias, a discussão gira em torno do El Ojo, no qual a Argentina está deixando os nossos jurados de queixo caído. O que aconteceu com os nossos vizinhos? Há quem diga que a criatividade Argentina foi acordada pela crise e hoje o país produz mais criatividade, ousadia e inovação que nosotros. Ué? Como é possível? Se o que mais temos no Brasil são crises? Ou será que as crises são tão corriqueiras que já não inspiram mais ninguém? Quem sabe precisamos buscar outras fontes de inspiração para crescer e enriquecer a nossa criatividade? Quem sabe dar uma volta na Bienal de São Paulo? Ou naquela comunidade em Jacarepaguá na qual os seus moradores construíram um complexo esportivo para a prática de badminton? Imagina só a pessoa que resolveu contar para a comunidade o que estava pretendendo fazer? Quem aposta comigo que ele não pediu a aprovação de todo mundo pra fazer? Só assim e, acreditando na sua idéia e no que ela seria capaz de fazer pelas crianças, foi possível fazer esse projeto vingar. Ainda bem. Honestamente, ninguém no Brasil hoje iria aprovar a construção de um complexo de badminton na periferia. Brasileiro gosta de futebol. Todo mundo joga futebol. Todo mundo. Todo mundo. Todo mundo não é todo mundo.


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